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Notícia - 03/11/2016 - Levantamento do IBGE mostra aumento no número de diaristas
03/11/2016 - Levantamento do IBGE mostra aumento no número de diaristas

Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgada pelo IBGE mostram que está crescendo a presença de diaristas no Brasil. E isso tem a ver com a crise econômica.
A rotina de uma empregada doméstica, Kelly conhece bem. A primeira faxina foi aos 14 anos. O primeiro emprego com carteira assinada, só aos 30. E não durou muito.
“Trabalhava como empegada doméstica. Trabalhei três anos e um pouquinho. Só que com esta crise agora, que aconteceu, eu fui dispensada e estou uma vez só na semana nesta casaâ€, conta Kelly Ferreira, diarista.
A Ana também passou por essa experiência como patroa. Ela tinha empregada 5 dias por semana, carteira assinada. Agora tem faxineira e passadeira, uma vez por semana.
“Está muito caro, está muito difícil. Os nossos rendimentos não acompanharam. Tem que fazer o jantar. Tem que colocar mais roupa na máquina, estender a que ficou batendo durante o dia, descer com o cachorro e normalmente passar uma vassoura, passar um panoâ€, destaca Ana Maria Pina, advogada.
Tem sido assim pra muitos patrões e empregados pelo Brasil afora. Números do IBGE mostram que de 2012 pra cá, diminui em 4% o número de empregados domésticos que trabalham em apenas uma casa. E aumentou em 12,5% o de empregados trabalhando em mais de uma casa.
O economista Bruno Ottoni é especialista em mercado de trabalho. Ele diz que essa mudança vem sendo provocada mais pela política de aumento real do salário mínimo do que pela crise econômica. Ou pela nova lei que garante benefícios às domésticas.
“Essa política acabou levando a uma valorização maior do salário mínimo do que a do salário médio da economia. Então pra família de classe média típica, como proporção do seu orçamento houve um aumento do custo do empregado domésticoâ€, comenta Bruno Ottoni, pesquisador FGV/IBRE.
A diarista até pode conseguir ganhar mais, ter um rendimento maior no fim do mês, do que teria no emprego com carteira assinada. Agora, ela pode ter que trabalhar ainda mais. É que, em vez de cuidar de apenas uma casa com endereço fixo, ela passa a cuidar de várias outras, cada uma num lugar. Além disso, cada família é de um jeito, com hábitos e costumes diferentes.
A Kelly mora em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Os trajetos que ela faz de segunda a sexta, nas cinco faxinas diferentes. São 454 quilômetros por semana, ida e volta, no transporte público. Mas, pra Kelly, o pior nem é o cansaço.
“Pra mim era melhor quando eu era doméstica porque eu tinha os meus direitos. Eu tinha FGTS, na lei que saiu agora. Tinha o meu INSS pago. Tinha férias, 13ºâ€, conta Kelly.

Kelly, mãe de 5 filhos, quer voltar a ter carteira assinada, mas de outra maneira. Por isso ela está estudando à noite pra terminar o ensino fundamental.
“Quero ter um futuro melhor. Porque hoje em dia não tem como você ficar trabalhando em casa de família. O futuro é estudar e ter uma profissãoâ€, conta Kelly.

Fonte:Jornal Nacional
 
 
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